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quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Brisa que fica

Todos os dias sinto a brisa marítima e a aragem da Serra. Foi esta vida que sempre sonhei ter quando me reformasse e fi-lo!

O preço desta decisão é muito alto e começo a sentir na alma o peso dos juros - a falta dos meus amigos, daqueles que sempre fizeram parte do meu mundo. É a fraqueza a tomar conta de mim e a saudade a invadir-me o coração.

A civilização aqui só é aquela que  entra pela casa dentro, em forma de notícias nos vários canais de TV. As notícias da IURD com cenas "hollywoodescas" ou com exorcismos de polichinelo, os pastores castrados, as adopções irregulares, as crianças objecto da desfaçatez das autoridades, os filhos esquecidos pelos pais, os lares ilegais, as caras de pau dos intocáveis magistrados, dos juízes, dos procuradores e das senhoritas assistentes sociais, os relatórios forjados dos senhores advogados que,  por dá cá aquela palha, conseguem escrever que o vírus HIV (Sida) desapareceu, os parvos da CMTV que levaram a Gaia duas moças adolescentes, elas também burrinhas, para fazer figuras tristes, a avó que quer as netas - a pensar no dinheiro - as jornalistas da TVI que, sem avaliar a questão afectiva, debitam "bacoradas" e que mais parecem vedetas  em sessão de estreia de cinema, sem falar dos cem mil comentadores, analistas, sociólogos, psicólogos, criminologistas, professores e juristas.
Esta noite vi os justiceiros da televisão "Canalha" trocarem o espadachim por paninhos quentes, preocupados em lavar a água com sabão macaco, tentando livrar a Sra. Procuradora Geral da República de responsabilidades, no caso das adopções irregulares, sem que haja culpados, tal como acontece com a força do vento que por aqui passa, que é forjada nas alturas e se espalha pela planície, ou como o fogo que começa com uma centelha e se estende pela mata fina até à floresta.
Este cenário dá forma à história da ministra Francisca Van Dunem, que  falou na questão da não recondução da Sra. Procuradora no cargo.
Afinal a Francisca tinha um cargo reservado para a Joana no Tribunal Europeu - tudo fumo de pólvora seca.
À semelhança de muitos outros casos praticados pelos Procuradores, porque é que não propõem prender a Joaninha, para ela própria não contaminar a investigação?
Tudo trapalhadas iguais às trapalhadas que o Rio diz saber, mas não diz quais. ‘O vento mudou mas ela não voltou” e agora “o vento mudou e ele voltou” - o homem que andava por aí e que afinal, ficou mesmo por aí...

Civilização portuguesa no seu melhor!



Adérito Barbosa in olhosemlente





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