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segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Tudo quanto preciso

                                          Tudo quanto preciso

Nas manhãs de chuva como a de hoje, preciso de um pacemaker com pilhas que me faça o coração bater por mais algum tempo, o tempo que for preciso para ver chegar o dia e assim, sair desta solidão estúpida que me invade a alma. Preciso de uma lâmpada de luz fria enroscada no cérebro que me mostre um caminho. Preciso sentir sede para saciar os sabores que desconheço, de um carvão para sombrear nas paredes do céu os teus contornos como eu os imagino.

Preciso de uma régua e de um esquadro para projectar o perfil da tua cintura numa sombra e, ainda de uma lupa para analisar os poros da tua pele. Preciso dormir com tempo a teu lado, acordar cansado nas manhãs de chuva e entender o porquê de tudo ser assim. Preciso de Calcitrin e Cálcio+, para desenferrujar os ossos, preciso que me deitem as cartas para concluir que na vida a opção de excluir o histórico da minha vida não existe. Preciso de aprender a não gostar de alguém vazio de sentimentos. Preciso de viver devagar com tempo para entender as mágoas dos poetas. Preciso do teu sorriso por detrás do pavio de uma vela. Preciso que me pegues na mão e que me digas: - Precisas de mim? Eu estou aqui!

Adérito Barbosa in olhosemlente

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