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segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Pastor de Vendavais


Nas margens do firmamento  

com a inocência desarmada 

de quem não sabe o que busca, 

sinto a presença de um enigma oculto  

na rosa, que não é apenas rosa.  

Olho para o sol, para o brilho das estrelas,  

num ímpeto que desafia o medo,  

tento compreender aquilo que se esconde  

nas tramas invisíveis do real.


Não é busca,  

é concepção… 

pressinto na sombra que inclina 

o olhar, resoluto na incerteza,  

um saber que não se afirma, 

mas apenas persiste.

E assim, fico,  

enquanto explode a geometria das ruas 

que não sabem de mim.


Solidão, como sempre…

a coisa se instala nas estrelas  

e, quando quero, faço dela  

um conto irónico de luz.  

Desenho, com indiferença, as lágrimas  

que caem no abismo do silêncio,  

silêncio feito de palavras que nunca li,  

mas que, em delírio, acreditei ter lido.  

Este é o meu destino  

Pastorear vendavais,  

sem jamais confiná-los  

no estreito campo daquilo 

que se chama real.


Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com

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