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sábado, 2 de novembro de 2013

A ministra e a pulga


Sra. Ministra,
Quantas pulgas e quantos piolhos posso eu  ter em casa?
Eu gosto de cães, gatos, lagartos, cobras, jacarés, hipopótamos, leopardos, galinhas, galos, piriquitos e leões? Gosto de todos os animais.
Não sou capaz de viver com nenhum animal em casa.
Fiquei muito traumatizado, como dois piriquitos, um peixe e um cágado que os meus filhos quando eram pequenos quiseram lá para casa. Aquilo era o fim do mundo para mim.
Certo dia no início das férias de verão e como a estadia nas terras da beira alta prometia, os piriquitos também seguiram viagem.
Chegados a Pinhel, escolhido o local onde o " Casimiro e Leonel" pudessem ficar... a varanda foi eleita. Ali sempre estavam à sombra com vista sobre o jardim e ainda tinham oportunidade de contar todos os carros, todas as pessoas que passavam na rua. Melhor recanto era impossível.
"São os piriquitos dos nossos netos!" - diziam embevecidos os Avós aos vizinhos.
Acontece que ninguém contou com o matreiro gato da minha sogra, que vivia lá em baixo na loja com a estrita obrigação de controlar os movimentos dos ratos e não permitir que nada de mal acontecesse ao milho e à batata.
No outro dia bem cedo lá estava no chão a gaiola, toda espatifada e sem fundo. Do Leonel e Casimiro... só as penas.
Aberto o inquérito, em processo sumário, chegou-se ao suspeito. A minha sogra topou logo que o gato estava com o ar comprometido e que nessa manhã não apareceu a rosnar nas pernas dela. Foi ele quem comeu os piriquitos! Esqueci-me de dizer que o gato até então tinha um estatuto especial porque deixava-se apanhar pelos miúdos e suportava todas as judiarias. Daí em diante ficou conhecido pelo nome "gordo", "comedor de piriquitos", "gato incapaz que nem sequer consegue controlar os ratos do celeiro".
Sempre que os miúdos se lembravam dos piriquitos, o gato apanhava com o chinelo que voava das mãos da minha sogra. Posso garantir que a uma distância de 5 metros ela nunca falhava.
Mais tarde o peixe morreu por me ter esquecido de lhe dar comida, a tartaruga foi despachada às escondidas para o ribeiro de Massamá.
Assim fiquei livre dos animais em casa. Um alívio!
Aceito que haja pessoas que gostem de viver com animais em casa. Umas porque não tem quem lhes faça companhia, outras porque tem filhos pequenos e eles pedem, outros porque encontram animais abandonados, outros porque simplesmente gostam.

Mas, Sra. Ministra da agricultura: em vez de se meter na vida de gatos e cães, preocupe-se com a ordenamento da floresta Nacional... que está uma lástima.
E já agora com a própria agricultura...

Tenho um problema: Quantas pulgas e quantos piolhos posso eu ter em casa?


Aderito Barbosa
2 de novembro de 2013


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