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segunda-feira, 30 de março de 2015

Construção


Construção

Dentro de mim
tenho um nome
encravado na garganta
que chamo sempre
no silêncio das minhas insónias.

Dentro de mim
procuro-te mas
só sinto a gota
do orvalho que me molha a alma.
Dentro de mim
sinto correr nas veias um rio branco
que acelera quando juramos amor.
Vou construir uma cidade
no fundo de mim
a tua cidade!
Espreitar nos ruídos a tua voz e a tua nudez.
levantar uma estátua
no largo do chafariz do teu prazer.
Vou desenhar de novo
o meu esqueleto sim!
Moldá-lo em plasticina e
Abrir no peito uma janela virada para o teu campo
E ver florir os amores perfeitos.
Dentro de mim
vou construir o meu esqueleto em platina
o verdadeiro amante
Das loucas noites.
Quero que o meu esqueleto cheire a baunilha
ter pele de veludo
para te cobrir da razão,
ombro de algodão
para dormires, mesmo que retumbes!
Coracão de papel
para absorver o teu gemido
nos momentos de glória
que só nós sabemos.
Pés de barro,
para nunca ir longe
vir só quando te vieres...
Vou construir de novo o meu esqueleto
com olhos de vidro
vesti-lo à James Dean
pintar um quadro de cigarro na mão,
porque não?
Já agora e que tal
se escrever um poema
em papel celofane
na única forma que sei,
para me livrar das palavras que trago à flor da pele
e dizer sem complicação
que é complicado falar de sentimentos
neste rodopio de emoções, se ainda hoje
vejo no céu do quarto
a marca d'água do teu sorriso.

 Adérito Barbosa in olhosemlente

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