poeta.adérito.barbosa.escritor.autor.escritor.artigos.opinião.política.livros.musica.curiosidades.cultura Olhosemlente

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Natal do pai esquecido

Natal do pai esquecido

Repetiu as mesmas histórias
enquanto o cansaço lhe invadia a memória.
Adormeceu também com a canção
da Cabra, do Palito e do Gastão.
Lembrou-se do Pai Natal que viu na chaminé
Viveu na esperança
que o Natal nunca veria a doer-lhe...
Mas quando há um só lugar à mesa,
uma só vela...
não há verdade na chama,
de luz de alguém que um dia lutou
e que só por eles chorou a sua fraqueza.

Natal faz-lhe doer fundo os ossos da alma,
faz-lhe viver o drama da solidão.
Entre a paixão e a ausência,
ele não entende o cheiro das rabanadas.
Se se magoa é porque os filhos nunca aparecem
Se não os espera é porque foram
dar conforto a quem não os pariu
um dia deu sinal.
não há  mais Natais!!!
As mesmas histórias,
as mesmas desculpas que já não aceita.
Natal, fez-lhe doer fundo os ossos da alma
quando descobriu a batota
e a arte de o esquecerem para irem alegrar campónios...
Apagou o pavio desceu do palco:
- frio este Natal!
Adormeceu aconchegado
na ilusão que é mentira o que sente!

Boas festas a todos.

Adérito Barbosa in olhosemlente

Sem comentários:

Enviar um comentário

Publicação em destaque

Florbela Espanca, Correspondência (1916)

"Eu não sou como muita gente: entusiasmada até à loucura no princípio das afeições e depois, passado um mês, completamente desinter...