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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

As Mentiras da France Ô

 As Mentiras da France Ô 

A indignação do povo faz sentido e o firme desmentido do governo também fez sentido. Eu também vi a reportagem. Realmente, aquilo foi uma reportagem mentirosa e essas coisas não se dizem, sobretudo se se trata de mentiradas.

Cabo Verde não é um inferno com ar de paraíso; é um paraíso!

Há segurança por todo o lado e toda a gente se sente segura. Não há drogas coisa nenhuma, não há assaltos, nem há guardas privados a dormirem à porta das residências privadas, ou dos prédios. 
Os Franceses estão loucos, aquilo é tudo mentira. Eu estive em Santiago e não vi nada disso! Não há violência nenhuma; - no país não há ninguém que consiga exibir cicatrizes no corpo por esfaqueamento, nem há delinquência juvenil, nada disso!
Todos os jovens até aos 18 anos frequentam a Escola numa boa e o sucesso escolar é fantástico. Não vi Gangs nenhuns, nem tão pouco ouvi notícias de casas assaltadas, nem notícias de alguém ter sido morto dentro da sua própria casa por assaltantes, por dá cá aquela palha.
Não há assassinatos nas ruas, nem desacatos. Não há ninguém nas prisões. As prisões estão praticamente às moscas e têm condições dentro dos padrões dos países mais desenvolvidos.
A prostituição a que os Franceses se referem não existe! Não existe, isso não! Nem a feminina, quanto mais a prostituição masculina. Pelo menos eu, como turista, não vi nada disso no Sal e, segundo sei, em S. Vicente também não existem essas coisas. 
Os turistas não são, nem nunca foram vítimas de assédio, por parte da malta da costa de África. Toda a gente está legal no Sal e vive tranquilamente na paz do Senhor, com o seu comércio e conscientes de que os seus bens estão seguros. Ninguém vende o corpo, nem homens nem mulheres; ninguém vende bugigangas estranhas ao artesanato de Cabo Verde nas ruas e ninguém passa o dia na praça central, pedindo ou incomodando os turistas. Repito: - Ninguém!!

As ruas da Praia e, em especial as de Santa Catarina, estão um mimo, limpas e cuidadas; não há lixo, nem cães vadios coisa nenhuma. A organização urbanística é um exemplo. Todo o mundo podia pôr aí os olhos e ver como é que se deve fazer.

Higiene é coisa que não falta no Pontão da Ilha do Sal. Ninguém amanha peixe no chão, nem ninguém deita as tripas ao mar e não há mau cheiro, coisa nenhuma. Ninguém defeca debaixo do pontão, a alguns metros de onde os turistas estão a banhos. Tudo é pacífico e está dentro dos padrões turísticos e da salubridade sanitária.

Na Ilha do Sal há, em número suficiente, elementos da polícia marítima, que zelam incansavelmente pela orla marítima, pela costa em geral e por isso não se entende o ruído da France Ô, quando diz que essa zona é uma zona de passagem de drogas para a Europa.

 Os banhistas podem deixar os seus haveres na areia, sem perigo nenhum de os ver desaparecer num ápice; nas ruas há polícias que fazem um policiamento intenso e a tal ponto, que todos os cidadãos nacionais e estrangeiros se sentem seguros só de os ver. Eu, pelo menos, senti isso. Há água potável nas torneiras, em abundância, em Santiago e nunca falta energia eléctrica. As salinas são património nacional e são exploradas pela Câmara Municipal ou pelo Estado e, atente-se, não há atrasos nos voos internacionais.

 Os preços praticados nas ligações inter-ilhas, quer por via aérea, quer por via marítima, são tão, tão irrisórios, que nenhum cidadão nacional se pode queixar por ser impedido de viajar dentro do seu próprio país, por causa dos preços.

Os governantes falam na TV coisas bonitas. Toda a gente entende bem o significado e contexto das expressões por eles constantemente utilizados: “bilateralidade, insularidade, cabo-verdianidade, cooperação bilateral, cooperação estratégica, papel social, no âmbito da modernidade, democraticidade, parcerias estratégicas, veja, lá onde, blindagem, para lá de, socializar, recentragem, é suposto, é expectável, em sede de, ganhos, vamos trabalhar em prol de… etc, etc, etc”.
Por isso, não entendo a reportagem que a France Ô passou. O que mostraram não eram as ruas do País, nem eram cidadãos nacionais as pessoas que entrevistaram. 
Eh pá, uma chatice… essa mentirada toda!

Adérito Barbosa  in olhosemente


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