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sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Amar ao meu jeito

Eternizar momentos e sensações que nos marcaram, por instantes que seja, numa carta de amor, é loucura?
Não, não é!  É algo que vai perdurar na minha memória por toda a vida.
É o amor, sim, o tal amor que não cansa, que não se gasta e não envelhece.
O amor sabe impor-se na ausência e na distância.
Viver a saudade é sentir a nostalgia, é amar, é amar sempre da mesma forma, sempre com aquele desejo, imensurável. Quando se regressa por momentos a esses instantes, voltamos sempre ao mesmo ponto de onde partimos com um objetivo - voltar a amar!...
Voltar para reviver novamente o que nos fez felizes.
Voltar ao inconsciente, dar comigo sentado no tempo, no lugar onde fiquei à porta e lembrar de olhos fechados como eram os contornos daquele rosto, o brilho daqueles olhos, o cheiro daquela pele, o calor daqueles  braços, o deslizar daquelas  mãos e sentir juntinho do peito o relevo daqueles seios. O que dizer quando ouvia aquela voz que me fazia levitar? Já nem quero falar do bater do coração, que teimava em querer bater fora do meu peito.
Disso agora não quero falar!
E a alegria que eu sentia quando sorrias todinha para mim?
Bastava-me aquele sorriso, para que fosse verão logo ali. Ah, como me fascinava ver-te cantar!
Foi assim na lavandaria, entre o bater das máquinas quando nos vimos pela primeira vez; foi assim no salão, no restaurante quando com cumplicidade e voz trémula me olhaste fundo, dizendo ter as mãos frias e que querias  amar.
O amor é ingrato e faz-nos sempre voltar a querer amar.

Apesar das palavras baralhadas na ansiedade, vou-te dizer que eu quero amar também.
- Diariamente vivo com a tua memória, sem saber ao certo como vai ser. O desejo de te voltar a ter um dia sufoca-me a garganta, mas nada me impede de te imaginar. Ninguém me roubará a minha  imaginação, ninguém ma esconde ou ma tira. É a minha história, a nossa história. É essa memória, que num instante fugaz me faz sorrir e pensar que, à média luz,  vou amar-te loucamente, com a intensidade que me pedires e depois sereno digo-te: Vamos amar-nos novamente!
 Voltamos novamente  para onde nunca estivemos para viver a paixão que nunca sentimos... esta loucura é um segredo nosso!

Adérito Barbosa in olhosemlente.blogspot.com

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