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sexta-feira, 9 de agosto de 2019

E eu sem orgulho nenhum!

Um mariconço da nossa praça  escreveu, com aquele orgulho gay, o que o pai lhe dissera, quando soube que ele era bicha - então temos maricas na família?
O mariconço ficou revoltado com as palavras do pai, porque gostava e, segundo parece ainda gosta e muito de ser o que é.
A mãe, ao contrário do pai, dizia: “Eu só quero que sejas feliz, meu filho!”
Tal como este pai, não quero nada com maricas.
Sempre fugi a sete pés, de cada vez que os médicos nas consultas de rotina vinham com a história  de enfiar o dedo no meu rabo para o famoso e temido toque  na próstata.
Fugi, fugi para bem longe deles sempre que os vi com ideias, refugiando-me nos valores do PSA que se apresentavam dentro dos valores normais.
Fugi tanto a vida toda, até  que acabei por ir correndo, de livre e espontânea vontade, a pendurar-me no dedo do médico...
Sentem-se, que vem aí história:
 ⁃ Então não é que um dia destes, senti uma perturbação  sensitiva no canal mais ao fundo das costas? Analisada a questão, encontrei uma fístula que nada me importaria que fosse nos pés, no nariz ou mesmo na tomateira. Mas não, tinha que ser uma fístula no meu ânus. Logo a mim uma coisa destas... que mais me irá acontecer?
Pus-me a caminho e fui mostrar ao médico a razão do meu constrangimento.
 ⁃ Então o que o traz por cá?
 ⁃ Ó doutor, vou-lhe mostrar uma coisa e quero que o  Sr. resolva este assunto rapidamente - disse eu, choramingando  a minha desgraça.
 ⁃ Ó homem, não seja maricas, vamos lá ver isso! Pus-me de rabo para o ar e o médico, sem piedade nenhuma, enfiou um dedo igual ao que  Gabriel Garcia Marquez descreveu no seu livro “ Memórias de minhas putas tristes”, história de um velho e excêntrico jornalista e crítico musical que, ao comemorar os 90 anos, se presenteou a si mesmo com uma noite de amor  com uma jovem virgem. Porém, a moça era ainda adolescente, adormeceu e ele não teve coragem de a acordar. A sua amiga de longa data  - a meretriz, dona do bordel - cuidara de escolher uma virgem para o velho; sabendo do problema de que ele padecia, a velha amiga em jeito de troça sugeriu-lhe ao ouvido - aproveitas para ela te passar a pomadinha com um dedito assim no cu - esticando o dedo - sempre vais gozar doutra forma.
É assim a vida. Não gostei, a coisa doeu! Como é possível que haja neste mundo gajos que gostam dessa experimentação?
Eu já experimentei o dedo do médico e não gostei.
O pior é que o médico marcou novo exame dentro de cinco dias! Se houver alguém que queira ir por mim, ficarei eternamente grato.

Adérito Barbosa in olhosemlente

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