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domingo, 30 de março de 2014

Não nos masturbem mais os neurónios!!!


Se um gestor gerir mal uma empresa é castigado e cai-lhe o Carmo e a Trindade em cima. Se um governante gerir mal o país nada lhe acontece. Antes pelo contrário, vê garantido um tacho noutro lugar qualquer.
Só assim se compreende tanta garotada no governo.

Não, nunca quis partir de Portugal, mas o que tem que ser, tem muita força.
Trago às costas 54 anos de vida  e só me apetece andar aos tiros.

"Fiquem a saber que apesar de em nada termos contribuído para a crise, somos responsabilizados por ela e temos de a pagar…. civilizadamente, ordenadamente, no respeito das regras da democracia, com manifestações próprias das democracias e greves a que temos direito, mas demonstrando sempre o nosso elevado espírito cívico, no sofrer e ….calar.
Sou dos que acreditam na invenção desta crise.
Um “directório” algures decidiu que as classes médias estavam a viver acima da média. E de repente verificou-se que todos os países estão a dever dinheiro uns aos outros…. a dívida soberana entrou no nosso vocabulário e invadiu o dia a dia.
Serviu para despedir, cortar salários, regalias/direitos do chamado Estado Social e o valor do trabalho foi diminuído, embora um nosso ministro tenha dito, decerto por lapso, que “o trabalho liberta”, frase escrita no portão da entrada de Auschwitz.
Parece que alguém anda à procura de uma solução que se espera não seja final.
Os homens nascem com direito à felicidade e não apenas à estrita e restrita sobrevivência.
Foi perante o espanto dos Portugueses que os velhos ficaram com muito menos do seu contrato com o Estado, que se comprometia a devolver o investimento de uma vida de trabalho. Mas  daqui a 20 anos isto resolve-se.
Agora  os velhos, atónitos, repartem o dinheiro entre os medicamentos e a comida.
E ainda tem que dar para ajudar os filhos e netos, num exercício de gestão impossível.
A Igreja e tantas instituições de solidariedade fazem diariamente o milagre da multiplicação dos pães.
 Morrem mais velhos em solidão, dão por eles pelo cheiro, os passes sociais impedem-nos de sair de casa, suicidam-se mais pessoas, mata-se mais dentro de casa, maridos, mulheres e filhos mancham-se de sangue;  5% dos sem abrigo têm cursos superiores e consta que há cursos superiores de geração espontânea, mas 81.000 licenciados estão desempregados.
Milhares de alunos saem das universidades porque não têm como pagar as propinas, enquanto que muitos desistem de estudar para procurar trabalho.
Há 200.000 novos emigrantes.
Há terras do interior, sem centro de saúde, sem correios e sem finanças.
Há carros topo de gama para sortear e auto-estradas desertas.
Há 50.000 trabalhadores rurais que abandonaram os campos, mas há as grandes vitórias da venda de dívida pública a taxas muito mais altas do que outros países intervencionados.
Há romances de ajustes de contas entre políticos e ex-políticos, mas tudo vai acabar em bem... Bem para ambas as partes.
Há enfermeiros a partir entre lágrimas para Inglaterra e Alemanha para ganharem muito mais do que 3 euros à hora.
Há a privatização de empresas portuguesas altamente lucrativas e outras que virão a ser lucrativas. Se são e podem vir a ser, porque é que se vendem?
Há muita gente a opinar.
E aprendemos neologismos como “inconseguimento” e “irrevogável”.
Muita conversa, muita conversa...e nós distraídos.
Daqui a 20 anos os velhos sem esperança de mais 20 e os quarentões com a desconfiança não têm no horizonte 20 anos de vida decente."
E dizem os políticos : - Os Portugueses estão mal, mas o País está melhor!
E eu digo aos políticos:- Vão gozar com a vossa tia!


Adérito Barbosa in "olhosemlente"

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