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sexta-feira, 7 de março de 2014

Um dia não

“Ele há cada coisa, acontece sempre alguma e eu sem culpa nenhuma”




Hoje estava todo contente, sentado na minha secretária, à espera que um malfadado processo de um upload que estava a fazer para uma plataforma Web concluísse, quando, às tantas, e no meio de tanta lentidão e monotonia, comecei a abrir a boca. Abri-a várias vezes.  Lembrei-me então de me pôr à conversa, nem que fosse por um minuto, com uma pessoa que, apesar de não a conhecer muito bem, colabora comigo prontamente, com uma disponibilidade incrível, quando lhe solicito alguma coisa. Nutro por ela simpatia. E pensei: - Vou dar-lhe um olá. E assim foi. Reparei que estava offline, mas, mesmo assim, meti conversa, como aliás sempre fiz, perguntando por trivialidades; se tem visto isto e aquilo…, se  tem ido ao meu muro e ao meu blogue, não comentou artigo tal, mas  nem uma palavra como resposta. Posto isto, voltei a prestar atenção ao meu trabalho. Como o processo não andava nem para diante nem para trás  e a tarde ainda era uma criança,  resolvi ir ver se tinha eco da minha abordagem.
Tinha feedback sim,  e de que maneira! A pessoa estava aborrecida e eu apareci naquele momento, mesmo a calhar. Levei com tudo em cima. Levei com armário, pedras, ventania, telhado e de tudo um pouco. Um autêntico vendaval, tudo em seis linhas apenas.
Primeiramente fiquei atónito e frio, sem palavras! Depois, quente e assustado!
O sangue subiu-me à cabeça, fiquei com uns calores e comecei a ver mal. A pessoa em causa, que até à data fora sempre simpatiquíssima, estaria certamente a atravessar um mau momento. Devagarinho, o coração voltou ao seu lugar; o sangue, que subira à cabeça, regressou às veias, os olhos recuperaram a acuidade visual e acomodei-me na cadeira. Coloquei os pés em cima da secretária, coloquei as mãos atrás da nuca, respirei fundo e tentei perceber a razão do velho ditado:
Todos temos o nosso dia não.
Veio-me então à lembrança uma frase que o meu irmão, que vive lá para as ilhas do Atlântico, costuma dizer: “Ele há cada coisa, acontece sempre alguma e eu sem culpa nenhuma”
Ainda bem que foi comigo - gosto dela, não faz mal nenhum!

Adérito Barbosa in "olhosemlente"
06 de Março de 2014

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