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quinta-feira, 12 de abril de 2018

De alma nua

À minha sobrinha Aisha

De alma nua 

Não se afeiçoem à solidão
nem queiram saber como 
ardem os corações dos poetas
na chama dos vaga-lumes.  
Os poetas são criativos de nada
que sentados na lua inventam cores
longe das inquietudes do mundo.
Os poetas desaprendem com o tempo 
sobretudo quando pincelam 
a poesia com a magia só deles. 
Os poetas vão desaprender com o tempo 
vão deixar de sentir o calor das estrelas
e sonhar de alma nua.
Nos detalhes deixarão de  sentir afectos
e nem à chuva se lhes molhem as ideias.
Agora é tempo de lhes contarmos a verdade, 
dizer-lhes que o corpo das mulheres
tem contornos de um violão,  
cabelos e cordas de cetim.
Vamos saber se eles entendem
os gemidos dos pagãos, 
quando se amam 
nos braços das guitarras.
Adérito Barbosa in olhosemlente

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